domingo, 21 de abril de 2013

Ombro Doloroso

Elementos básicos de diagnóstico


Aloysio João Fellet
Professor titular de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Membro efetivo do Comitê Ibero-americano de Reumatologia.
Presidente da Sociedade Mineira de Osteoporose (Osteominas).
Chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital HTO - Juiz de Fora - MG.



Conceito

Ombro doloroso é uma síndrome caracterizada por dor e impotência funcional de graus variados, que acomete estruturas responsáveis pela movimentação do ombro, incluindo as articulações, tendões e músculos, ligamentos e bursas.
A estes sintomas se agregam àqueles que caracterizam transtornos ou afecções locais ou a distância de implicações etiopatogênicas no aparecimento da síndrome.

Anatomia local

1. Articulações
O ombro é formado por três articulações (gleno-umeral), acrômio-clavicular e esternoclavicular e uma região de deslizamento entre a escápula e região torácica, que são essenciais para todos os tipos de movimentos realizados pelo ombro.

Tendões e músculos
O principal grupo muscular responsável pela movimentação do ombro é o manguito rotador. O manguito rotador é formado pelos seguintes músculos: supra-espinhoso, infra-espinhoso, subescapular e redondo menor. Possui inserção tendinosa no úmero, facilitando a estabilidade articular e propiciando movimentação.

Bursas
A principal é a busca subacromial localizada acima do tendão do músculo supra-espinhoso e abaixo do acrômio.

Ligamentos
São responsáveis pela estabilidade da articulação; os principais são a cápsula gleno-umeral e o ligamento coracoacromial.

Causas
A freqüência aproximada das causas de ombro doloroso é a seguinte:
· Bursites subdeltoidiana ou subacromial com ou sem depósito calcário - 80%;
· Miofibrosites - 8%;
· Artrites do ombro - 5%;
· Outros - 7%.

Em relação às causas de bursite subdeltoidiana ou subacromial temos:
· Atividade excessiva;
· Hiperabdução prolongada;
· Ruptura do supra-espinhoso, infra-espinhoso ou longa porção do bíceps;
· Luxação acrômio-clavicular;
· Fratura do troquiter;
· Irritação por osteófitos;
· Aderência - pacientes crônicos em leito;
· Alterações - inflamações no manguito músculo tendinoso integrado.

Clínica/métodos e avaliação
As formas clínicas do ombro doloroso se classificam da seguinte forma:
a. Quanto à intensidade dos sintomas;
b. Quanto ao tempo do início da doença;
c. Quanto ao exame radiológico.

E quanto ao aparecimento de sintomas como:
a. Agudas;
b. Subagudas;
c. Crônicas;
d. Com ou sem calcificações.

Os sintomas da forma aguda são: dor intensa na região da articulação escápulo-umeral agravada pelos movimentos; irradiação da dor para o pescoço, às vezes para o braço, inserção do deltóides e pontas dos dedos; limitação dos movimentos com dor extrema a ligeira abdução ou rotação; hiperalgesia na região do troquiter, apófise caracóide e sulco bicipital. Os sinais radiológicos são encontrados em 50% dos casos.

Na forma crônica encontramos os seguintes sintomas:
· Atrofia do deltóide supra-espinhoso;
· Incapacidade de movimentos articulação escápulo-umeral (abdução-rotação);
· Dor localizada ou irradiada de pouca intensidade;
· Hiperalgesia em nível do troquiter.
Os sinais radiológicos são de atrofia da grande tuberosidade do úmero (calcificações).

Exame físico
É o principal meio utilizado. Localizam-se pontos de maior sensibilidade à simples pressão digital (inserção supra-espinhoso, longa porção do bíceps, articulação acrômio-clavicular, apófise coracóide, bolsa subacromial).
O arco doloroso de Simmonds é freqüente. A abdução é dificultada na passagem da grande tuberosidade do úmero sob o acrômio.
A manobra de Yergason é positiva para alteração a longa porção do bíceps quando o braço estiver em abdução e o antebraço flexionado em 90 graus. A supinação e a contra-resistência despertam dor na corrediça bicipital.
Importante é o exame em nível do tendão do supra-espinhoso, em que se instalam lesões mais graves.
Elas se localizam em áreas correspondentes ao assoalho da bolsa subacromial, na qual o tendão do supra-espinhoso se adere totalmente a cápsula articular.

Exame radiológico
Freqüentemente o exame radiológico convencional se apresenta normal (valoriza-se o exame físico).
Pode encontrar-se:
· Depósitos calcáreos - bursite calcárea e outras;
· Osteoporose difusa ou localizada;
· Condensação óssea - tumores;
· Lesões líticas;
· Lesões degenerativas - artrose;
· Redução do estreito acrômio-tuberositário (desgaste-desnutrição do manguito tendinoso).

Artrografia
Com contraste opaco ou pneumografia (ar) pode ser útil para diagnosticar ruptura da cápsula, perfuração do tendão do supra-espinhoso e outras alterações estruturais.

Figura1
Figura 1 - FOSSA ADENÓIDE ESTRUTURA ESCAPULAR.

Figura2
Figura 2 - LIGAMENTOS E TENDÕES EM TORNO DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO.

Outros métodos
· Punção biópsia.
· Cintilografia óssea articular.
· Artroscopia.
· Ultra-sonografia da articulação.
· Tomografia computadorizada.
· Ressonância magnética.

Figura3
Figura 3 - RELAÇÃO MANGUITO ROTADOR E BURSA SUBACROMIAL.

Classificação

Podemos dividir didaticamente o ombro doloroso em várias síndromes diferentes, entre elas se destacam:
· Síndrome do impacto;
· Tendinite bicipital;
· Tendinite calcárea;
· Capsulite adesiva;
· Artropatias;
· Originada em outros locais;
· Extrínsecas (neurites braquial, tumor Pancoast, síndrome ombro-mão, neoplasias, metástases, diabetes mellitus, hipo-hipertiroidismo, anquiloidoses).

1. Síndrome do impacto

É uma síndrome dolorosa do ombro acompanhada por alteração na mobilidade local, sendo caracterizada por uma tendinite, geralmente, do tendão do supra-espinhoso e bursa subacromial, com lesão parcial ou total deste ou de outros tendões.
Ocorre com maior freqüência acima dos 40 anos de idade, com predominância da etiologia traumática.
Sabe-se que o impacto causando atrito e posterior degeneração ocorre durante a elevação anterior do braço, ocorrendo contra superfície inferior do acrômio.
Alguns autores descrevem três fases clínicas:
- Fase I: abaixo dos 25 anos, ocorrendo dor aguda após esforço prolongado. Nesta fase há edema e hemorragia em nível de bursas e tendões;
- Fase II: entre 25 e 40 anos de idade e já começa fibrose e espessamento da bursa subacromial, além da tendinite. Paciente queixa de dor noturna e após atividades. Pode ocorrer ruptura parcial do manguito rotador;
- Fase III: acima dos 40 anos. Paciente apresenta dor contínua com perda da força de mobilização devido à ruptura completa de um ou vários tendões.

Diagnóstico
Além da anamnese, podemos utilizar algumas manobras úteis no exame físico, damos preferência à mobilização ativa e passiva do ombro, deixando de lado inspeção, palpação a ausculta que nos fornecerão poucos subsídios diagnósticos.
Movimentos ativos podem estar alterados pela dor e, em casos mais graves, pode estar presente devido à capsulite secundária.
Os principais movimentos são:
· Abdução do braço: aparecimento da dor entre 70o e 120o de abdução, conhecido como "arco doloroso de Simmonds";

Figura4
Rotação externa e interna.

Figura5
Adução contra-resistência.

Figura6
Flexão e extensão contra-resistência.

Figura7
Articulação gleno-umeral.

Figura8
exame da corrediça bicipital.

Figura9
Exame do manguito rotador.

· Flexão anterior máxima do braço com escápula estabilizada: dor local;
· Abdução resistida: com o braço encostado no tórax, pedir ao paciente para fazer a abdução: dor na inserção do supra-espinhoso no úmero;
· Radiografia simples: fornece-nos poucos dados;
· Artrografia: nos orienta quanto à integridade dos tendões;
· Ecografia: pode ajudar no diagnóstico de tendinite, se bem-feita;
· Ressonância magnética: excelente exame, mas fora da realidade da maioria das instituições por seu alto custo, somente usado em casos muito selecionados.

Tratamento
O tratamento básico se compõe de:
· Repouso na fase aguda;
· Antiinflamatórios não esteróides;
· Fisioterapia: crioterapia, tens, ultra-som, ondas curtas e exercícios;
· Infiltração com corticosteróides;
· Cirurgia: após seis meses de tratamento conservador e rupturas dos tendões.

2. Tendinite bicipital

Caracteriza-se por envolvimento do tendão da porção longa do bíceps branquial com ruptura posterior em alguns casos. É muito comum sua associação com a tendinite do manguito rotador.

Diagnóstico
Dor na face anterior do braço e ombro localizada sobre o tendão, principalmente na corredeira bicipital.
Para o diagnóstico é importante a palpação local e as movimentações especiais.
Manobra de Yergason: dor local quando o paciente faz supinação do antebraço contra-resistência numa posição de cotovelo fletido a 90º junto ao tronco.

Tratamento
· Repouso.
· Fisioterapia.
· AINE, se necessário.
· Infiltração com corticosteróide: nos casos crônicos (deve-se levar em conta a possibilidade de ruptura do tendão após a infiltração, sendo assim indicada a realização por profissional especializado).



EXAME RADIOLÓGICO

Figura10
Paciente - 50 anos com calcificações homogêneas na região bicipital bursite calcárea.

Figura11
Paciente - 58 anos com acentuada lesão degenerativa - artrose.

Figura12
Mulher - 45 anos com avançada artrite reumatóide e osteoporose.

Figura13
RM parcial do manguito rotador com lesão do tendão do supra-espinhoso.


3. Tendinite calcárea

Diagnosticada pela radiografia simples, é mais comum no tendão do supra-espinhoso, ocorrendo com mais freqüência no sexo feminino.
A tendinite calcárea aguda pode apresentar-se de forma mais agressiva com muita dor, limitação da mobilização ativa e passiva do ombro e, ocasionalmente, eritema no local.

Diagnóstico
Radiografia revela o depósito calcificado localizado.

Tratamento
Sem sintomatologia:
- Não requer tratamento.
Com sintomatologia:
- Fisioterapia;
- AINE;
- Infiltração com corticóide (deve ser evitada).

Figura14
TENDINITE E BURSITE DO OMBRO.

Figura15
Mecanismo do “arco doloroso de Simmonds”.

Figura16
Bloqueio gleno-umeral.

4. Capsulite adesiva

Capsulite adesiva pode ser definida como uma condição de etiologia desconhecida caracterizada por uma restrição dolorosa global da movimentação da articulação gleno-umeral em todos os planos, tanto ativa quanto passiva. Existem condições associadas, como diabetes, tireoidopatias, doença cardíaca e pulmonar, que classificam a capsulite como secundária.

Diagnóstico
Geralmente acomete indivíduos acima dos 40 de idade, sendo mais comum nas mulheres. Alguns autores descrevem três fases diferentes. Inicialmente ocorreria dor no ombro, que passaria para uma fase de dor e rigidez, dando lugar a uma fase final que quase não teria dor e sim uma rigidez importante.
No exame clínico existe diminuição da movimentação ativa e passiva da articulação gleno-umeral, principalmente a elevação anterior, rotação interna e externa do braço. Radiografia e angiografia podem contribuir muito pouco para o diagnóstico.

Tratamento
· Analgésicos e antiinflamatórios não esteróides.
· Fisioterapia (crioterapia, ultra-som, corrente diadinâmica).
· Infiltração intra-articular com corticosteróide.
· Manipulação sob anestésico (discutido).

Figura17
EXERCÍCIOS DE REABILITAÇÃO - OMBROS.

5. Artropatias - artrites

É importante lembrar que algumas enfermidades acometem as articulações do ombro, como a artrose gleno-umeral e acrômio-clavicular, a artrite reumatóide em fases mais tardias e algumas doenças microcristalinas como o depósito de hidroxiapatita, entre outras.
Gota - pseudogota/artrites sépticas.

6. Originada em outros locais

O ombro também é sede de dor irradiada e referida de outras regiões do corpo, como a coluna, pulmão etc.

Conclusões

Os autores chamam atenção neste trabalho para observações importantes:
· O tempo de início da doença e o seu tratamento imediato são de grande valor na recuperação total do paciente;
· Beneficia-se aquele que procura os recursos nos primeiros 15 dias. Quanto mais cedo iniciarmos o tratamento, melhores serão os resultados;
· A doença pode ser totalmente reversível quando bem diagnosticada e tratada;
· A crioterapia, a infiltração articular bem-feita e o repouso podem ser os únicos métodos de tratamento na fase inicial;
· A fisioterapia é fundamental na fase crônica para restabelecimento dos movimentos, desaparecimento da dor e a volta da potência muscular;
· A cirurgia do ombro somente será realizada em casos raros e bem definidos.

Summary

In this article, the authors call attention to some relevant topics such:
- The appearance and the development of the illness and its immediate treatment, is extremely important, so that the patient may recover promptly.
- The benefit is better for the patient who looks for treatment in the first 15 days. The sooner the treatment starts, the better the results will be.
- The disease can be completely reversible when precisely diagnosed and treated. - The cold therapy, the well done articular infiltration and the rest, may be the only possible therapeutic alternatives in the initial phase.
- The physical therapy is essential in the chronic phase to re-establish the movements, to pain disappearance and for the muscular potency recovery.
- The shoulder surgery will be indicated only in rare and well defined cases.

Referências bibliográficas

1. Codman E. A.: The Shoulder. Thomas Todd Cp., Boston. 1934.
2. Coventry M.B.: Problem of painful shoulder. Jama; 151: 177, 1953.
3. Gonçalves G.W. Periartrite do Ombro - Tratamento. Revista Brasileira de Reumatologia; 4:33, 1960.
4. Gonçalves G.W.: Via posterior para injeção da bolsa subacromial. Revista Bras. Reum.; 6: 29,1965.
5. Gonçalves G.W. Tratamento das Periartrites de Ombro. Revista Bras. Reum.; 12:27, 1968
6. Rotes-Querol R. Lience E., Escofer D.R.: Semiologia de los Reumatismos. Editorial Espaxs, Barcelona, 1965.
7. Steinbrocker O. et. al: Shoulder-hand Syndrome: Sympathetic block compared with corticotropin and cortisone therapy. Jama; 153: 788. 1953.
8. Vischer, Thomas L. Atlas of Clinical Rheumatology - 20.2 Non-Articular Rheumatism, 1968.
9. Fellet, A. e col. - Conduta terapêutica na periartrite de ombro. Clínica Geral; vol. 3, 1971.
10. Bateman J. E. - The shoulder and Neck 2nd ed. Philadelphia W.B. Saunders, 1978.
11. Armstrong. J. R. Excision of the acromion in the treatment of the supraspinatus syndrome. J. Bone Joint Surg.; 31B: 436, 1949.
12. Neviaser. J. S. - Adhesive capsulitis of the shoulder. Med. Times. 90: 783, 1962.
13. Katz. G. A. Peter J. B.: Pearson C. M. & Adams. W.S. - The shoulder pad sign: a diagnostic feature of amyloid arthrograpy. N. Engl. J. Med.; 288:354, 1973.
14. Fernandes S.R.M. & Samara, A. M. Síndrome de Parsonage-Turner e artrose de ombros. Revista Bras. Reum.; 22(1): 1. 1982.
15. Gonçalves G. W. - Ombro Doloroso Reumatologia - Hilton Seda 2ª edição - pag. 1473 vol. II - 1982.
16. Dalton S.E. The Shoulder Rheumatology; Klippel. J. H. & Dieppe P.A. 1ª edition, Mosby.
17. Godinho G.G. Ombro Noções práticas de reumatologia; Moreira, C. & Carvalho, M.A.P. 1ª edição, Health, 1996.
18. A. Greenspan, M.E. Gershwin. M.D. Radiology of the Arthritides, 1964.

http://www.cerir.org.br/revistas/marco2002/ombro.htm

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Substância encontrada em chá verde e vinho tinto combate Alzheimer

Um forte combatente ao Alzheimer pode ser encontrado no vinho tinto e chá verde, descobriu um novo estudo publicado no Journal of Biological Chemistry. O antioxidante EGCG é capaz de parar o ataque da proteína beta-amilóide às células do cérebro. As informações são do Huffington Post.

O estudo é baseado no conhecimento de que as proteínas amiloides  formam aglomerados que se conectam a células cerebrais e as destrói. A aplicação de ECGC alterou esta possibilidade de conexão com as estruturas externas. A pesquisa foi realizada em laboratório e precisa ser experimentado em humanos.

"Este é um passo importante para aumentar a nossa compreensão da causa e progressão da doença de Alzheimer”, disse o pesquisador Nigel Hooper, professor da Universidade de Buenos Aires. A descoberta foi publicada junto a um outro estudo na revista Neurology, sobre a expectativa de que o número de pessoas com Alzheimer triplique até 2050.

Atualmente não há cura para a doença de Alzheimer, embora existam alguns medicamentos que podem ajudar a evitar os problemas associados à doença.

 

Alzheimer: pesquisas para diagnóstico precoce avançam

Diagnóstico precoce, identificação de fatores de risco e novos medicamentos que reduzam a perda cognitiva e os sintomas dos pacientes afetados estão entre as prioridades de médicos e cientistas. Quase um quarto das pessoas com mais de 85 anos sofre de perdas de memória relacionadas ao mal de Alzheimer, conforme mostram dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa apontada pelo relatório a Doença de Alzheimer no Mundo, publicado pela Alzheimer's Disease International (ADI), indica que em 2010 cerca de 35,6 milhões de pessoas viviam com algum grau de demência. A previsão é de que o número duplique em 20 anos e chegue a 115,4 milhões em 2050. Dois terços dos casos de demência são relacionados a esse mal.

O Futurando desta semana mostrou uma pesquisa de ponta que pretende ajudar pacientes com o mal. Os médicos apresentados na reportagem trabalham na busca de um diagnóstico precoce, antes que a doença provoque lesões visíveis no tecido nervoso. Os pesquisadores querem reconhecer a presença da doença antes que seus sintomas – marcadamente a perda progressiva da memória, compreensão e linguagem do paciente – se agravem, interferindo na capacidade cognitiva e de convívio social.

O conjunto de sintomas que caracteriza o mal de Alzheimer – ou Doença de Alzheimer (DA), como é tratada na literatura médica – foi enumerado pela primeira vez em 1906 por um médico alemão. Alois Alzheimer descreveu os sintomas de sua paciente Auguste Deter e criou um referencial para futuros diagnósticos. Mas, apesar de ser amplamente estudada, a doença ainda não tem cura.

Atualmente, o FDA norte-americano, que regulamenta a distribuição de medicamentos naquele país, tem cinco drogas aprovadas para o tratamento dos sintomas em diferentes estágios da doença. Mas os pesquisadores estão em busca de outras armas. Dois estudos simultâneos, apresentados recentemente em uma conferência sobre neurologia em Boston, nos Estados Unidos, trouxeram algum alento a quem já desenvolveu a DA. Eles confirmam resultados positivos em 34% de pacientes nos testes de uma nova droga: a solanezumab tenta limpar os depósitos de placas que interferem no funcionamento do cérebro dos pacientes.

Diagnóstico
No final do ano passado, cientistas da Universidade americana de Columbia identificaram alterações na densidade da massa cinzenta de indivíduos entre 18 e 26 anos pertencentes a um grupo populacional específico que teria uma predisposição para desenvolver uma forma rara da DA, ligada a fatores genéticos.

Nos pacientes com a mutação, os cientistas também encontraram no líquor altos níveis de uma proteína chamada Beta-amilóide, que aparece na formação das placas senis encontradas no cérebro dos doentes. “As descobertas sugerem que as mudanças neurodegenerativas ocorrem mais de 20 anos antes dos primeiro sintomas e antes ainda do que sugeriam pesquisas anteriores”, comentou Nick Fox, do Centro de Pesquisa sobre a Demência da Universidade College de Londres.

Um grupo de 80 cientistas liderados pela mesma universidade apresentou outro avanço. Eles encontraram uma ocorrência maior de um gene em particular – o R47H – em quantidades significativamente elevadas em um grupo de pacientes com Alzheimer em relação a um grupo de controle. A coordenadora da pesquisa, Rita Guerreiro, explica que se trata de uma variante muito rara, presente em apenas 0,2% da população e que, embora não seja a causadora da doença, é um fator de risco.

"Esta é uma das descobertas mais influentes dos últimos 20 anos porque é um gene novo que tem uma variante com um risco médio ou forte. Isto vai permitir estudar novos genes, novas proteínas, novas moléculas que vão interagir com este gene", resumiu Rita Guerreiro.

Já outra equipe de pesquisadores, do centro de CODE Genetics, na Islândia, estudou o genoma completo de 1.795 pessoas do país e identificou uma mutação de um gene, o APP, que seria responsável pela redução em até 40% da formação da proteína amilóide em idosos saudáveis. O estudo mostrou que a função cognitiva estava mais preservada nos idosos entre 80 e 100 anos que possuem o tal gene do que em outros que não possuem.

O coordenador da equipe, Kari Stefansson, disse tratar-se “do primeiro exemplo de uma alteração genética que confere proteção forte contra a doença de Alzheimer”. Na avaliação dos especialistas, essa mutação genética tem o poder de bloquear a deterioração cognitiva dos idosos e pode ser um novo ponto de partida para o desenvolvimento de fármacos mais eficazes contra a doença.

Remédio para pressão alta ajuda a prevenir demência, diz estudo

Hipertensão pode danificar os pequenos vasos que levam sangue ao cérebro Foto: Getty Images
Um estudo realizado entre 774 homens sugere que a ingestão de betabloqueadores pode reduzir o risco de demência. O medicamento é largamente usado para problemas cardíacos, como tratar pressão alta, um conhecido fator de risco para a demência.

A pesquisa, que será apresentada na reunião anual da Academia Americana de Neurologia, em março deste ano, foi feita por meio de autópsias em 774 homens.

De acordo os pesquisadores da Universidade do Havaí, aqueles que tomavam betabloqueadores para controlar a hipertensão mostraram ter menos lesões cerebrais do que homens que não estavam recebendo tratamento algum contra hipertensão ou que tomavam outros tipos de medicamentos para lidar com o problema. Entre os homens examinados, 610 sofriam de hipertensão e estavam sob tratamento.

De acordo com o autor do estudo, Lon White, ''com o aumento previsto no número de pessoas com Alzheimer, à medida que a população mundial se torna mais velha, fica cada vez mais importante identificar fatores que podem retardar ou prevenir a doença''.

Pessoas que sofrem de hipertensão arterial devem procurar auxílio médico a fim de evitar complicações como doenças cardíacas, derrames e demência vascular.

Hipertensão pode danificar os pequenos vasos que levam sangue ao cérebro. O sangue fornece o oxigênio essencial para o funcionamento do cérebro. A demência vascular é a segunda forma mais comum de demência após o Mal de Alzheimer e pode ocorrer se o fluxo de sangue ao cérebro for reduzido. Uma outra pesquisa, realizada há dois anos, entre um grupo bem maior de homens, um total de 800 mil, já havia sugerido que outro remédio usado para conter a hipertensão, conhecido com bloqueador dos receptores da angiotensina (ARB), pode reduzir o risco de demência, inclusive do Mal de Alzheimer, em até 50%.

Fonte:http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/substancia-encontrada-em-cha-verde-e-vinho-tinto-combate-alzheimer,eea9df1db7acc310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html