Artrogripose
é uma doença na qual a criança nasce com deformidades fixas nas articulações e
os músculos fracos. A palavra artrogripose é derivada de palavras gregas: arthro,
articulação e gryposis, curvada.
O processo da doença começa no feto em desenvolvimento.
Devido a distúrbios, como por exemplo, alterações primárias de fibras
musculares ou de células nervosas motoras na medula, os músculos têm a função
prejudicada. A ausência de movimento nas articulações do feto em
desenvolvimento é a provável explicação para as deformidades articulares
presentes em um recém-nascido com artrogripose. Existem vários tipos de
artrogripose. A amioplasia, anteriormente conhecida por ´artrogripose
clássica’, é o tipo mais comum. Para esta condição, parece não haver risco de
recorrência. Este fato deve tranqüilizar os pais de uma criança que nasceu com
este tipo de problema.
Uma
criança com amioplasia lembra uma marionete de madeira. Os membros podem estar
fixados em qualquer posição, mas as deformidades mais freqüentemente observadas
são: ombros rodados internamente e aduzidos, cotovelos fixos em extensão,
punhos e dedos fletidos e pés tortos.
Geralmente, estas crianças terão
a movimentação das articulações muito limitada. Se tratadas, as deformidades
recidivam facilmente. Por outro lado, estas crianças não apresentam regressão
motora ou mental e geralmente têm o tronco normal. Poderão ou não caminhar e
serão muito funcionais na cadeira de rodas. Devemos esperar inteligência normal
e, se forem motivadas adequadamente, irão tirar proveito de qualquer
oportunidade que lhes for dada para atingir sua independência.
Os objetivos do tratamento são:
auto-cuidado, locomoção independente, entendendo a locomoção como a capacidade
de ir e vir mesmo que seja com o auxílio de aparelhos ou cadeira de rodas, e
habilidade para conseguir emprego proveitoso no futuro.
Tratamento cirúrgico juntamente
com técnicas de tração para diminuir deformidades em flexão dos joelhos, por
exemplo, e moldes de gesso calcinado são comuns para as deformidades,
especialmente as dos membros inferiores. Luxação do quadril é comum, mas
difícil de tratar. Se os dois quadris estão luxados, muitas autoridades no
assunto recomendam não os tratar, devido ao fato de que, apesar da luxação, a
criança terá marcha satisfatória. Se somente um quadril está luxado, a cirurgia
deverá ser realizada o mais cedo possível na tentativa de restaurar o quadril.
Entretanto, os resultados são discutíveis, podendo-se aceitar a luxação e,
através de osteotomia (secção do osso da coxa), corrigir a deformidade em
‘adução’. Deformidades do joelho são mais freqüentemente tratadas com moldes de
gesso calcinado associado à cirurgia. Deformidades do pé, invariavelmente
requerem cirurgia, e é freqüentemente necessário extirpar o osso inteiro do
tornozelo, o talus, para uma boa correção. Curvatura da coluna vertebral
(escoliose) é melhor tratada com correção cirúrgica precoce e fusão vertebral.
Nos membros superiores, a deformidade mais devastadora é cotovelo fixo em
extensão. A cirurgia precoce é recomendável para que o cotovelo possa dobrar,
apesar do fato de que a capacidade de movimentação será limitada. Mesmo com as
deformidades das mãos, muitas crianças são capazes de adaptá-las a alguma função.
Se o punho está num grau extenso de flexão, o tratamento cirúrgico
provavelmente será considerado.
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Implicações
Educacionais
Devido ao fato de que estas
crianças costumam ter inteligência e fala normais, e porque sua reabilitação
física é de curto prazo e limitada, as metas educacionais devem seguir o padrão
acadêmico comum. Nos parece importante, portanto, enfatizar e incitar o
empreendimento acadêmico nestas crianças e conduzí-las a metas que não envolvem
habilidades manuais ou locomoção generalizada. Se a caligrafia é muito lenta,
talvez, relatórios orais ou o uso de micro-computadores possam ajudar algumas
destas crianças a acompanharem seus colegas em sala de aula. Hoje, com a
popularização cada vez maior do computador, quando não existem impedimentos
econômicos intransponíveis, é bom lembrar que um instrumento desses pode
significar a possibilidade de inserção social e representa um investimento
imensamente menor e sem os sofrimentos que muitos tipos de tratamento trazem
para a criança. É a escola que insere a criança na sociedade e não, muitas
vezes, um procedimento cirúrgico.
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